sábado, 1 de novembro de 2025

Reversi Sem Equívocos



Nessa postagem eu elucido de uma maneira  mais descontraída alguns equívocos ligados ao nosso tão estimado jogo Othello/Reversi.

Divirtam-se


"Mas Fabrício, não consigo entender esse jogo... Reversi é muito complicado"

"Como assim tem que ficar no meio do jogo?"

"O segredo do jogo é pegar os cantos"

"Ah, quem chega nas bordas fica na vantagem"

"Ouvi falar que não pode jogar nas casas adjacentes laterais, como as A2, B1, G1, H2, A7, B8, G8, H7 porque ficam próximas ao canto"


Calma pessoal, tá tudo certo. Vamos destrinchar cada ponto ai em um bate-papo tranquilo. Irei elencar as respostas abaixo de forma leve e didática, beleza? Vamos lá!


1 - "Mas Fabrício, não consigo entender esse jogo... Reversi é muito complicado"

R: Talvez você esteja tentando entender o jogo por um caminho abstrato pior que o próprio jogo em si. Explico: quando você pretende fazer um bolo, preencher uma planilha no Excel ou aprender a manejar um instrumento musical, você não analisa exatamente toda a composição atômica e química das moléculas que compõe o pó da massa de bolo, nem precise exatamente entender todo o código de programação por detrás do Excel, tampouco entender profundamente as circuitaria neurológica no cérebro de quem ouve um acorde de guitarra. Essas coisas de fato ocorrem, existem e são reais. Mas para fazer um bolo você precisa apenas entender alguns padrões básicos e mudá-los conforme alterna a receita. Já o Excel você precisa entender apenas a lógica basal e deixar a coisa se construir e, aprender a tocar guitarra tem mais a ver com ações motoras e boa memória, além de um ouvido mais mais treinado com o tempo. Reversi é a mesma coisa. Pare de tentar entender estratégias muito abstratas e foque na criação artística de cada movimento, o resto vem com o tempo.


2 - "Como assim tem que ficar no meio do jogo?"

R: O meio do jogo não necessariamente é o meio geográfico, por assim dizer, do tabuleiro; é, na verdade, um conceito elástico e moldável que se adapta à realidade momentânea do jogo. Calma que ficou confuso! Mas não é. Imagina que você chegou em casa e esta morrendo de fome mas tá com aquela preguiça típica proveniente de um dia com uma jornada inteira de trabalho. Você na sua automaticidade laboral pega um ovo na geladeira e o coloca na frigideira. Com o tempo após ligar o fogo ele começa a fritar, mas você repara que ao mexer na frigideira a gema escorreu para o lado passando por cima da clara, visualizou? Essa gema amarelinha escorrendo por cima da clara indo em uma das direções até tocar a frigideira é o equivalente "ao meio do jogo" no jogo Othello/Reversi. O meio é a gema, o meio é estar atravessando a clara (a clara são as peças do seu oponente), e é só isso, entenda isso e domine o jogo.


3 - "O segredo do jogo é pegar os cantos"

R: Da mesma forma que o segredo de não envelhecer é não ficar velho, o de não morrer é ficar vivo e o de matar o câncer é pulando de um prédio (por favor, isso é uma metáfora narrativa, não pule de um prédio). Tudo isso apesar de tosco, parece lógico. Mas quando você se aprofunda, percebe que envelhecer não está intrinsicamente ligado somente a questões biológicas, mas psicológicas e a hábitos. O que envolve fenótipo (o físico). O estar vivo não envolve apenas o seu tempo "vivo", mas o que faz com o seu estar vivo, e vencer uma enfermidade não significa ser derrotado junto com ela. Da mesma forma, o canto que dá a vantagem, pode ser sua ruína, não é assim tão simples e tão óbvio.


4 - "Ah, quem chega nas bordas fica na vantagem"

R: Igualmente ao canto. Nesse caso conseguem imaginar um pugilista que chama o oponente para as coras propositalmente e estrategicamente? Imagina que o oponente não entenda muito e vá, e seja surpreendido com aquele pugilista apoiado nas cordas e tome um nocaute (por que aquele pugilista só sabe lutar de costas para as cordas e até tenha ficado razoavelmente bom nisso) mas, ai em um lindo dia, esse mesmo pugilista nocauteado se depare com um adversário diferente, que ginga diferente e se comporte de maneira errática, e ele vai até o pugilista das cordas e, além de desviar de todos os golpes, ainda espanque-o e o encurrale nas cordas que tão um dia lhe ajudaram. Ao contrário do pugilista "anticordas", que pode recuar, o pugilista das cordas não tem para onde recuar, e fica literalmente preso e sendo fatalmente espancando. Assim é quem joga pensando unicamente nas bordas. Um dia se deparará com um jogador que usará isso contra você com maestria, e nada poderá fazer. Por quê? porque se fixar nas bordas é estratégia basal, primária, e muitos jogadores já passaram por elas e já a superaram, e quando fazem é para liquidar a partida, não para se defender apenas. Pense bem se vale a pena naquele momento ir ou não para as bordas, tudo é relativo nesse jogo.


5 - "Ouvi falar que não pode jogar nas casas adjacentes laterais, como as A2, B1, G1, H2, A7, B8, G8, H7 porque ficam próximas ao canto"

R: Bom, se você leu até aqui é sinal que não sofreu uma tiktoquização (só consome conteúdos rápidos) e, por assim dizer, o que escrevi acima responde essa última questão aqui. Mas, vamos lá. Vamos supor que ao começar em um novo emprego te alertem para evitar na hora de ir embora, tarde da noite, passar por tal rua, pois lá é deserto, vazia e, lá há muitos assaltos. Bom, isso é uma recomendação segura, pois há mesmo o perigo que te alertaram. Mas, depois de seguir à risca tal premissa por 1 ano, você repara que naquela rua perigosa, agora abriram uma dezena de barzinhos rock, bem sociáveis e movimentados, além de lá, agora haver, uma guarita permanente da guarda civil metropolitana, sem contar um maior aumento de pessoas circulando por lá, inclusive indo e voltando de seus respectivos trabalhos, faria sentido agora continuar com a ideia de não passar por aquela rua ou seria mais flexivo da sua parte entender que ouve uma melhora na condição e que ali não representa mais o perigo que outrora apresentou? Pois bem, é a mesma coisa com essas casas. Quando não se domina o jogo muito bem, qualquer erro pode ser fatal, além do que o canto ainda é uma ameaça. Logo faz sentido evitar colocar peças lá por perto; mas uma vez dominando o jogo, a coisa muda, aquela "rua" poderá ser frequentada com maior segurança agora, sem mais tanto medo. É isso.


Espero ter ajudado vocês.

Fiquem bem e até a próxima.