quarta-feira, 20 de março de 2024

Eleições da FBO

 




Olá a todos!


Como estão? Bora falar de FBO?


Para quem não ficou sabendo, há exatos um mês na teoria a Federação Brasileira de Othello encerraria o prazo para o recadastro na página da entidade para que, assim pudessem dar início ao que seria uma espécie de eleição (ao qual não foi informado para quais cargos) que daria início à uma nova fase da federação, dessa vez, de forma democrática, incumbindo pessoas aos cargos de diretoria e presidência, determinadas e compromissadas com a causa da entidade no país, que envolve tempo, determinação, foco e paixão ao que faz, para prover um trabalho de disseminação eficaz, que galgue cada vez mais adeptos e, consiga mantê-los interessados e em constante progresso de habilidade no jogo.


Isso tudo seria perfeito se, até o dia de hoje, fosse divulgado ao grande público alguma informação sobre o andamento do recadastramento, bem como quem estaria apto à concorrer a algum cargo dentro da entidade, no entanto não só não houve nenhuma informação complementar, bem como até o momento não ocorreu nenhuma eleição.


A total falta de informações relevantes é um problema antigo na entidade, bem como a intransparência virou uma segunda pele, uma mancha constante que impede a percepção clara das intenções daqueles que representam a modalidade em nosso país.


Há algum tempo finalmente formaram um quadro de diretoria, o que logrou um fio de esperança, já que daquele ponto em diante as demandas seriam divididas entre os membros, entretanto apesar de lá haver sim algumas pessoas das quais tenho total convicção e conhecimento sobre as capacidades e competências, novamente, ao menos de maneira mais contundente não obtivemos mudanças na metodologia de compartilhamento de informações relevantes ou tutela lúdica. O que deixa a entender que a ação na criação da diretoria teve foco e intuito final mais enclinados em um simbolismo jurídico do que em uma pragmática focada na ação e comprometimento.


Mistérios e mais mistérios, é o que todos pensam quando tentam garimpar alguma informação dos motivos que ocasionaram a não realização do nosso prestigiado Campeonato Brasileiro de Othello em 2023, este foi o primeiro ano (sem contar 2020 e 2021 em decorrência da pandemia) que não tivemos o campeonato nacional, e nem sequer tivemos algum parecer, alguma justificativa vinda da presidência. Acredito piamente, até mesmo sendo sensato, que há uma miríade de questões que envolve a administração de qualquer entidade e modalidade, não só entraves burocráticos, mas a falta de tempo e afazeres do dia a dia têm um peso relevante, como também a pouca demanda de novos jogadores à procura de aprendizado, que pode arrefece qualquer empreendedor, sem contar problemas de saúde que pode acometer qualquer pessoa dentro de seu trajeto natural, não somos máquinas e, longe de mim ser tão imcompreensível quanto a isso. Porém, uma vez sendo o responsável por uma entidade, fica sob total responsabilidade do administrador dar continuidade às obrigações lá exigidas! Seja anunciando uma pausa necessária, seja passando o bastão adiante temporariamente, uma vez havendo uma diretoria, fica injustificável não propor uma divisão de afazeres, sendo assim, a não realização de uma competição tradicional é injustificável a não ser por "forças maiores", no entanto se tais contratempos titânicos ocorreram, o porquê não foram noticiados para o grande público em caráter profissional e informativo? A Federação Brasileira de Othello pode até mesmo ter um dono, já que nela consiste uma taxa implícita e um reconhecimento de marca, mas como uma entidade federativa que abrange todo o território nacional, ela é sim, de todos nós! Logo, nós como jogadores, sejamos nós recreativos ou competidores mais afincos que já participaram de competições física e/ou online, divulgamos, temos nome em ranting, por direito dispomos da dádiva de sermos informados, se não por páginas oficiais ou mídias digitais, de forma direta.


Tendo isso em mente, o que teria ocorrido não só para a não realização do campeonato brasileiro (nem mesmo o paulista e as recorrentes e bem-vindas copas) no ano de 2023? O que nos traz para esse ano agora de 2024, em que sem aviso prévio foi divulgado na página oficial da FBO e no Facebook que ocorreria uma "eleição" onde só poderia participar quem se recadastrasse e, já tivesse participado de alguma competição dentro das diretrizes da modalidade em algum momento desde sua origem em 2006. Até aí nada de errado, até mesmo requeriam no cadastro o informe de CPF, o que validaria a autenticidade jurídica de pessoa física ao participante. Neste anúncio foi informada uma "data" final para o recadastramento: dia 20 de fevereiro, até que sabíamos, desse mesmo ano de 2024. Exercendo nosso direito a informação da modalidade que nos representa no país, foi perguntado sobre o que se tratava a eleição, e não tão surpreso fiquei com os rodeios em não nos informarem! Obtive informações de alguns jogadores de que as eleições seriam para concorrer à presidência, mas nada disso foi confirmado de maneira oficial. Não só não informam, como nessa ausência informativa há uma blindagem proposital, que imerge do poder e prerrogativa que os principais administradores acreditam ter sobre os demais, esse comportamento audacioso e indiferente só retrata aquilo que a FBO tem se tornado: uma entidade figurativa, com uma presidência fantoche e diretoria simbólica, nas quais as verdadeiras premissas jaz do único desejo focado na manutenção do status quo, em manter as coisas como estão, e nos cargos ali postados. Dito isso, existe a possibilidade de a eleição ter caráter puramente burocrático, para sendo assim, dar um tom democrático à cadeira ocupada há 8 anos pela mesma pessoa, em que os anos que de fato foram produtivos ficaram lá nos três primeiros.


Lendo assim o que escrevo, soa até que tenho alguma rixa com a FBO, mas digo: de forma alguma! Para quem me conhece há no mínimo dez anos, sabe que sou o cara que mais enaltece a entidade e o jogo em nosso país, não à toa tenho grupos no whatsapp, perfil no Instagram, canal no YouTube com mais de 150 vídeos em que ensino estratégias do jogo ao público que vai desde os iniciantes aos mais avançados, tenho um blog há quinze anos com mais de 700 postagens, e um grupo no Facebook, em quase todas essas mídias, em algum momento usei do espaço próprio para promover, divulgar e abastecer a federacao, bem como orientar, criar e dar ideias de ação a quem quer que estivesse na presidência, desde que visse a ação voluntária e independente acontecer. O que não é o fato nos últimos 5 anos, em que muitos veem notando o total descomprometimento com a causa, ausência de competições, informação, promoções. Para termos uma ideia, o campeonato brasileiro de 2022 foi algo assombroso, já que apesar de ter sido disputado em um lindo hotel, que afinal, é o forte da FBO nesse aspecto, já que em termos de beleza de localidades competitivas está muito à frente da Europa e Estados Unidos, ainda assim praticamente não tivemos nem de longe um número razoável de participantes! O que chegou até nós por vias extraoficiais foi que houve um entrave burocrático, político na viagem de uma turma de jogadores mirins que viriam a São Paulo, ocasionando uma lacuna gigantesca, já que de maneira equivocada todo o local e toda a competição foi planejada para receber esse contingente, o que foi um erro, já que sem um número ao menos considerável de jogadores, em um local que, apesar de bonito era pouco acessível à gigantesca maioria dos jogadores de São Paulo, tendo ainda assim que pagar previamente um valor de R$ 300.00 para hospedagem (isso mesmo, foi o único campeonato de Othello no Brasil em que teríamos que pagar, e nesse caso, caro para poder participar) se tornaria um campeonato para poucos. O único jogador de alto nível na competição era o Lucas Cherem, que não teve a menor dificuldade de ir e trazer um título brasileiro a mais para a conta. Só um adendo aqui, em todas as 5 vezes em que tive a felicidade de ser campeão brasileiro, tive jogadores fortíssimos como adversário, além do próprio Cherem, enfrentei o Henrique, o Ismael Rodríguez, o Jun Takemoto, o K-marão e etc, nunca participei de um campeonato brasileiro em que eu fosse o único jogador de alto nível. Ou seja, já em 2022 a coisa toda mostrava-se cambaleante, mas não esperávamos uma piora depois disso de forma tão acentuada.


O dilema: apaixonado ou eficiente?


Um debate de longa data envolve eu e meus amigos e colegas nos grupos de whatsapp: importa tanto assim que para comandar a entidade máxima do Othello no Brasil seja um apaixonado pelo jogo? Sim e não, eu diria. Por quê?


Uma vez qualquer líder, representante ou diretoria exercendo funções pragmáticas e obtendo resultados, pouco importa o gostar ou não do jogo, no entanto uma vez tendo à frente um terreno árduo, cheio de espinhos, críticas e cobranças, é recomendável gostar muito não só do caminho, mas do porquê do caminho, o próprio jogo. Usando minha experiência como parâmetro, o fato de eu ser um apaixonado por Othello, é o que me da energia e entusiasmo para ensinar, divulgar, informar, engajar, prover competições, mesmo não ganhando nada com isso. Agora, quando não se tem eficácia e tampouco paixão pelo jogo, seja lá quem for, se autojoga em uma vala de apatia, em que a indiferença é uma proteção, a desinformação é a égide de proteção ao ego já fragilizado pelo cansaço e exigências das demandas, e isso vale da mesma forma a qualquer pessoa que em algum momento na vida teve que estar em um trabalho ou emprego que detestava e não via progresso, eu mesmo já passei por isso, e preferi sair e dar lugar a quem de fato poderia ascender à lugares aos quais minha falta de energia ou, melhor, desânimos me impediriam.


Para representar nossa modalidade no país, não precisa ser um apaixonado ou aficionado pelo jogo, mas alguém com gana e independência, ter uma força que independa de desentraves políticos, benefícios profissionais, de nutrição intelectual alheia, de criatividade e poder de formulação, bem como tenha ação própria. Se gostar do jogo, melhor ainda.


Enfim, só para encerrar, essa postagem tem o caráter informativo e de base de estímulos ao debate, na fomentação de ideias que venham a melhorar o cenário do Othello nacional, por vezes tive diálogos com inúmeras pessoas, alguns ex-jogadores de competições oficiais providas pela FBO, em que noto um descontentamento com a entidade, entretanto preferem o anonimato. Sendo assim, sem a arrogância ao qual isso parecerá, sinto sim que sou um pouco porta-voz dessa galera que espera por mudanças, galera essa que não necessariamente quer "extirpar" alguém de seu cargo, mas deseja mudanças comportamentais, outros pelo contrário, preferem a troca democrática da presidência. Como dito acima, uma vez não enxergando paixão e ação no cargo máximo da entidade, sou cético quanto a qualquer nova postura comportamental, os problemas já vêm de longa data, e é de difícil mudança.  É perceptível de todos que provavelmente a suposta eleição é só um verniz democrático para legitimar as coisas como estão, apenas isso. Até o momento não foi informado nada oficialmente, nem mesmo se há algum concorrente às eleições e, ainda assim, ficariam algumas questões: como exatamente funcionaria esse sistema eleitoral e qual unidade seria a responsável pela apuração dos votos? Teríamos direito ao anonimato ou seria voto aberto?


Uma coisa é certa, existe um movimento em que é de consubstancial opinião, de alguma forma: renovação é necessária.


Penso que oito anos, em um regime democrático, é tempo mais que suficiente para alguém ocupar qualquer cargo que seja, então, tudo tem o seu tempo, e o tempo de muitos já passou.


Termino por aqui pessoal, agradeço a todos e, estamos juntos.



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