quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

"É só um jogo"




Boa tarde, beleza por ai?


Mais um ano começou e estamos todos por aqui, ótimo que seja assim, mesmo que eu esteja quase que totalmente sem assunto para postar nesse blog. Porém, tem uns dias que eu quero falar sobre um tema, do qual tentarei discorrer a seguir.  Não fiz antes por pura preguiça de pesquisas mais aprofundadas sobre o tema e, preferi fazer de maneira mais casual e descompromissada como seria uma simples e divertida conversa de boteco, ok? Pois bem, já tem um tempo que eu cheguei a conclusão de que jogadores interessados correm atrás de dados, estudos, história, prática e teoria por conta própria, não é com alguém tentando “abrir-lhes” os horizontes mostrando-os o quão magnífico e entusiástico que é o mundo dos campeonatos ou encontros amistosos presenciais cara a cara em um tabuleiro, jogando e conversando e, talvez bebendo algo que fariam esses jogadores mudarem de ideia, pois de certa forma, nada como o aconchego do nosso lar para jogarmos umas partidinhas online. Esse é o tipo de coisa que só quem já participou sabe como que é, e não adianta tentar convencer alguém que jogue apenas online que o “online” é apenas um simulacro mal feito e tosco de alguma coisa que não seria bom nem mesmo se fosse algo real, ou seja, nem chega perto de ser uma imitação ruim do que é jogar em um tabuleiro (óbvio, que isso de uma perceptiva pessoal  mesclada ao que eu ouço outros jogadores falarem também). Mas, como sou meio insistente, às vezes tento puxar conversa com alguns desses jogadores online que falam o meu idioma, para cinco segundos depois me arrepender de ter falado um “olá”, os mais educados (digo, aqueles que não te deixam no vácuo ou simplesmente lhe respondem mal com algumas palavras pejorativas) são mesmo assim, pessoas ainda intrinsecamente ignorantes no que diz respeito ao que é o jogo Reversi jogado em tabuleiro e, totalmente ignorantes sobre nomes de estratégias, história, jogadores e competições, mas... Isso ainda não é o pior, porque até entre esses jogadores ainda há mais uma divisão, porque de certa forma, como eu já havia dito antes, já me conformei que 92% dos jogadores não dão muita importância para o jogo em si, ou nem sequer sabem da existência do jogo em tabuleiro, mas há uma turma que me fez ir dormir pensando no quão, e me desculpem a palavra, BABACAS podem ser. Eu estive conversando com um jogador português, que joga até de forma razoável e etc. , e lhe perguntei se conhecia jogadores brasileiros ali mesmo no site e tal, foi quando ele me respondeu que não conhece tantos, e continuei a conversa, falei sobre as competições de Othello, sobre a galera em geral e eis que eu li ele escrevendo: “isso é só um jogo”, e não falou quase mais nada depois disso, Ok eu pensei, é claro que isso é um jogo e, foi justamente isso que eu o respondi, entendi na hora o que ele quis dizer com aquela frase e, você que está aqui lendo isso também deve ter entendido, presumo eu. Mas serei mais explícito, para ele e gente como ele, Reversi é um joguinho de bolinhas pretas e brancas e ganha quem tiver mais bolinhas da sua cor no final da partida, e é um direito dele achar isso! Como já disse em postagens antigas minhas aqui, cada um vive e desfruta o jogo da maneira que bem entender, tabuleiro, online ou em app de celular, tanto faz, cada um cada um. Porém, o que me fez pensar o quão idiota foi a frase dele, foi o fato de que se no passado alguém convencesse a grande maioria de que xadrez é só um jogo de velho, que futebol é só um jogo de rua ou vila, que vôlei é só um jogo de quadra de escola, talvez muito provavelmente esses jogos (esportes) não teriam chegado aonde chegaram nos dias de hoje, foi por causa de gente otimista que esses esportes cresceram e dominaram todo o mundo nos tempos de hoje. E mesmo assim, obviamente, que não deixaram de ser jogos, mas sentiram a diferença no tratamento, não é?

Esportes de todos os tipos são usados não apenas em competições e movimentações de capitais, investimentos, lazer e cultura, mas até mesmo por clínicas no auxílio a pessoas com problemas de saúde, seja na ajuda ao emagrecimento ou problemas psicológicos. Mas, como disse o nosso amigo, “é só um jogo”, não é?  Já escrevi aqui no meu blog a importância que o xadrez teve até mesmo como ferramenta política durante a Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética, jogo esse que também teve suma importância como métrica no que seria o primeiro grande duelo entre homens e máquinas, no confronto de Kasparov contra o super computador Deep Blue em 1997, numa sequência de partidas históricas, onde o jogador humano foi derrotado, (e hoje em dia com o AlphaGo no jogo GO derrotando desde Lee Sedol à Ke Jie que são dois super jogadores nesse complexo jogo) esses avanços ajudaram no entendimento e aprimoramento dos testes de Inteligência Artificial, que de fato podem até mesmo estarem sendo usadas no seu computador ou smartphone agora mesmo, mas... talvez xadrez seja só um jogo, correto?

Não preciso explanar aqui aonde o futebol chegou, com todos os seus times, empresas, capitais, ídolos, torneios e super estádios, e: “É Tetra! É Tetra!” o vôlei nos deu campeões olímpicos e, é um jogo de grande influência ao redor do mundo, talvez não saísse do papel se não fosse por um importante entusiasta chamado William George Morgan, lá em Massachusetts nos Estados Unidos, dentro de uma Universidade Cristã lá no ano de 1885. E observem o fato, ao criar o vôlei ele estava pensando em criar um jogo  onde os mais velhos pudessem jogar sem ter o perigo de sofrerem lesões físicas, devido ao choque corporal com outros jogadores, por isso o vôlei é jogado de forma separada, com as equipes divididas por uma rede, legal né? Com o jogo Othello não é diferente, hoje em dia esse é um dos jogos que da a oportunidade de pessoas idosas, por exemplo, terem um modo de recreação, de diversão e socialização com outras pessoas, pois o desgaste físico é próximo de zero e, contusões por colisões físicas só se for numa porrada ao perder uma partida, o que eu acho muiiito difícil que aconteça. (risos) Entendem que por mais que seja “um jogo”, o que o envolve é muito maior, como também eram as coisas invisíveis que circundavam os consolidados esportes futebol, vôlei e xadrez outrora?  Aqui mesmo nesse blog eu fiz uma pequena entrevista com a Psicopedagoga Andreia Oliveira, onde ela explicou sobre como utiliza o jogo Reversi em tabuleiro, como ferramenta de auxílio no tratamento com jovens com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), e de como o tratamento surti efeito. Sem contar que também há pesquisas que apontam para uma melhora cognitiva em pessoas que jogam jogos de tabuleiro (nesse caso, serve online também), coisas como memória, planejamento, tomada de decisões e etc., afloram com a prática desses esportes.


Sabe, às vezes eu acho que quem “acha” esse tipo de coisa, na verdade não acha... Acredito que a inquietação de saber que existam pessoas que tratem esses jogos com um tino tão afinado e planejado, de saber que existam pessoas que levam a esperança de futuras colheitas e distribuição desses frutos para as futuras gerações, seja algo que os fazem se sentir fúteis, ou irrelevantes, coisa da qual os deixem de certa forma frustrados ao saber que aquilo que para eles são bolinhas bicolores numa tela verde virtual, tem uma utilidade muito maior do que podem ou querem aceitar.

2 comentários:

Unknown disse...

Parabéns pela publicação meu amigo, ainda que muitas pessoas acreditem de que o reversi (othelo) seja só um joguinho, nós jamais iremos pensar dessa forma e acreditamos no crescimento desse jogo como de muitos outros...

Fabrício Silva disse...

É meu caro, jamais. Com todo esse ferramental disponível, usá-lo apenas como um mero passa-tempo não é suficiente para que chegue às futuras gerações. Óbvio que também é uma brincadeira, que sem a experiência lúdica o trabalho em si não teria valor, mas é exatamente a dosagem de quando brincar (jogar e se divertir) e de quando "falar sério" (disseminar o jogo), que ajudará o jogo a crescer.

Obrigado Adegar.

Abraços